Uma sombra de desespero paira sobre a visão ambiciosa de Moçambique para o futuro. A Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE) recentemente revelada do país pinta um quadro sombrio – uma nação paralisada pela corrupção endémica, sufocada por um sector agrícola ineficiente e ansiando por uma diversificação económica que permanece frustrantemente fora de alcance.
No centro da crise está um sistema agrícola falido. Apesar de empregar uns impressionantes 75% da força de trabalho, este sector crucial é ineficiente. A baixa adopção tecnológica e o acesso limitado a fertilizantes por parte dos agricultores traduzem-se em rendimentos escassos, deixando a segurança alimentar do país à beira do fio da navalha. A ENDE expõe a verdade crua – a força agrícola de Moçambique está subdesenvolvida, um forte contraste com o vasto potencial das suas terras férteis.
As consequências repercutem-se, impactando todas as facetas da economia. O domínio da agricultura de baixa produtividade sufoca os esforços de diversificação. O sonho de um setor manufatureiro próspero e de uma indústria de serviços robusta definha. A nação continua vulnerável a choques externos, o seu crescimento económico atrofiado e a sua competitividade prejudicada.
Esta, no entanto, não é uma história de completo desespero. Um farol de esperança brilha no setor da saúde. O aumento do acesso às unidades de saúde oferece uma tábua de salvação para muitos moçambicanos. No entanto, os desafios persistem – os longos tempos de espera, a escassez de medicamentos e a falta de equipamento lançam uma longa sombra sobre estes ganhos arduamente conquistados.
O sistema educacional pinta um quadro igualmente desigual. Embora a melhoria do acesso ao ensino básico ofereça um vislumbre de progresso, a qualidade continua a ser motivo de preocupação. Salas de aula superlotadas, falta de professores qualificados e falta de serviços básicos como água e saneamento criam um terreno fértil para o fracasso educacional. As elevadas taxas de abandono escolar, especialmente entre as raparigas, pintam um quadro comovente de potencial não realizado.
As revelações da ENDE servem como um forte alerta. Para alcançar verdadeiramente as suas aspirações económicas, Moçambique deve priorizar o seu sector agrícola. Capacitar os agricultores com ferramentas, conhecimentos e recursos modernos é o primeiro passo para desbloquear o verdadeiro potencial da terra. Os esforços de diversificação não podem florescer com base no subdesenvolvimento agrícola.
A jornada que temos pela frente será árdua, exigindo uma luta incansável contra a corrupção e um compromisso inabalável para melhorar a vida dos moçambicanos. Só então a nação poderá transformar os seus sonhos de prosperidade económica numa realidade tangível, garantindo um futuro melhor para todos.