Um coro de vozes de toda a África apela a uma revisão radical dos sistemas agroalimentares do continente. Parlamentares representando 20 nações africanas uniram-se num apelo poderoso à União Africana e aos seus estados membros para que adoptem uma abordagem ousada e inclusiva para transformar este sector crítico durante a próxima década.
Falando na Cimeira dos Sistemas Alimentares Africanos 2024 em Kigali, Ruanda, Jeremy Lissouba, Secretário-Geral da Rede Parlamentar dos Sistemas Alimentares Africanos (AFSPaN), soou o alarme sobre a necessidade urgente de mudança. Criticou o ritmo lento de implementação de iniciativas existentes, como o Programa Abrangente de Desenvolvimento Agrícola em África (CAADP) e os compromissos pós-Malabo.
“Embora a dotação orçamental de 10 por cento para a agricultura seja um avanço significativo, fica aquém do que é necessário para enfrentar os complexos desafios de segurança alimentar do continente”, enfatizou Lissouba. “Precisamos de uma abordagem mais ambiciosa e inclusiva que reconheça a interligação dos sistemas alimentares e o papel crítico que desempenham na consecução do desenvolvimento sustentável.”
O apelo dos parlamentares à transformação está enraizado no reconhecimento de que os actuais sistemas agroalimentares do continente não estão a conseguir satisfazer as necessidades da sua crescente população. Apesar dos progressos significativos registados nos últimos anos, a fome e a subnutrição persistem e milhões de africanos continuam presos na pobreza.
Lissouba instou a União Africana a assumir um papel de liderança na condução desta transformação. Apelou ao desenvolvimento de um roteiro abrangente que descreva metas, prioridades e estratégias de ação claras. Este roteiro deve ser informado por amplas consultas com as partes interessadas a todos os níveis, incluindo agricultores, produtores, consumidores e organizações da sociedade civil.
“Precisamos de criar um ambiente mais favorável para os pequenos agricultores, que constituem a espinha dorsal dos nossos sistemas agroalimentares”, disse Lissouba. “Isto inclui investir em infra-estruturas rurais, proporcionar acesso ao financiamento e promover a utilização de práticas agrícolas sustentáveis.”